quarta-feira, 8 de maio de 2013

Poesia é pra quem gosta


Voltei para rever a terra
que fui nascido e criado
nada vi do que deixei
tudo tava transformado.
Chorei buscando lembranças
Das emoções do passado
Fiquei muito magoado
Vendo a casinha singela
Nem meu pai nem meus irmãos
Moravam mais dentro dela
Senti o cheiro de vela




Quando cruzei o batente
Um oratório sem santo
E as flores murchas na frente
Talvez querendo dizer
Que ali não mora mais gente
Achei o taco de pente
Que mamãe se penteava
Vi o rosário e a santa
No altar que ela rezava
Chorei perguntando à santa
Se mamãe ainda voltava


Na parede ainda estava
Marcas do paiol de milho
O lugar do pote velho
E o forno de assar sertilho
Vi o caqueiro que a mãe 
Fazia o mingau para os filhos
Vi o espelho sem brilho
E os panos velhos na mala
Um retrato desbotado
Fui falar tremi a fala
Gritei ninguém respondeu
Voltei chorando pra sala.


 
Texto: José Santos

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